Os estudos e trabalhos acadêmicos das Ciências Sociais que têm analisado a situação dos adolescentes entendidos como em conflito com a lei, ao circunscreverem seus objetos de pesquisa aos meninos nessa situação ou ao não destacarem o recorte de gênero, têm contribuído para o reforço desses espaços como legitimamente ocupados por sujeitos masculinos. Neste livro, busco fornecer um contraponto a esta tendência, analisando as práticas de liberdade assistida direcionadas às adolescentes1 a partir de pesquisa de campo realizada em cinco Serviços de Medida Socioeducativa em Meio Aberto (SMSE/MA) no município de São Paulo.
As práticas da referida medida foram analisadas tendo em vista verificar o potencial desta em promover a afirmação ou a desconstrução da identidade de gênero das adolescentes nesse regime de atendimento, assim como se a atuação dos técnicos responsáveis pelo acompanhamento dessas meninas estava sustentada ou não em uma simplificação da identidade destas, ou seja, se as suas práticas se baseiam em um entendimento das identidades das adolescentes como f ixas, estáticas e reificadas; 2 tendo a homogeneização como efeito das intervenções a elas dirigidas.
Ao enfocar na presença ou ausência de processos transformativos e afirmativos das identidades dessas adolescentes a partir das contribuições da filósofa Nancy Fraser, é preciso considerar que as injustiças que atravessam as experiências e as trajetórias delas não são apenas marcadas pela dimensão econômica ou material, como enfatizam as políticas socioeducativas (direcionadas, essencial mente, a sujeitos pobres), mas também por questões de ordem simbólica e de reconhecimento, portanto também por gênero. É precisamente a tensão entre classe e gênero (por conseguinte, entre redistribuição e reconhecimento) na trajetória dessas meninas que é matéria desta pesquisa.
Assunto: Adolescentes autoras de ato infracional, Liberdade assistida, Gênero, Sociologia da violência. |
Ano: 2023 |
Acabamento: Pdf |
Páginas: 173 |
Edição: 1ª |
Peso: |
Formato: Digital |
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